sábado, maio 26

Família: deliciosa receita!

Ai ai... Muitas emoções vividas por aqui. Estou (re)começando minhas estripulias, querido leitor. Eu tenho tanta coisa para te contar por aqui. Porém, vamos por partes, não é? 

Para não ficar parecendo aquela redação da nossa época escolar - aquela que todo semestre tinha o tema "Minhas férias" - retomo com um belo texto que recebi da Gisele. É um trecho do livro "O Arroz de Palma" de Francisco Azevedo. Para colorir, ainda mais, meu momento mãezona!




"Família"

Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema...Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir...Mas a vida... sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. 

O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante. Aquele, o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente...Já estão aí? Todos? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola. Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza. 

Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa. Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto: é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. 

Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada. 

O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe Família à Oswaldo Aranha; Família à Rossini, Família à Belle Manière; Família ao Molho Pardo (em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria). Família é afinidade, é à Moda da Casa. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito. Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada, seria assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha. 

Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir. Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia.

A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. 

Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.


Quando eu li este texto, peguei-me pensando em tudo o que estou vivendo. Parece que quando recebemos a graça de gerar uma criança, tudo no universo conspira. A cada escolha do enxoval, eu sinto a presença das pessoas que amo e por quem eu sou amada. É como se eu sentisse que a distância não existe. Nem a distância entre os planos. 

Vou te confessar: o quarto do bebê será verde. Verde. Cor preferida de minha avó. Ela estará junto de nós. 

É ou não é uma bela história de vida que está sendo construída?

Para conhecer mais do livro, clica aqui.
 

Até a próxima!
Elaine Cunha

10 comentários:

  1. Lindo texto.
    Sobre a cor do quarto, adorei. É uma cor que transmite paz.
    Beijos nesta construção, dia após dia!

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    1. É, Aline!

      A cada dia uma nova descoberta! Isto é maravilhoso mesmo. Uma verdadeira benção!

      Obrigada, amiga!
      Bjos, Elaine

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  2. Linda receita e ficará lindo o quartinho verde... beijos,tudo de bom,chica

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    1. Chica, já escolhemos a cor. Agora estou na fase do tema! :)

      Beijos para vc!

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  3. Verde. . Bela cor!!!! Ja pensou nas lembrancinhas?
    Ainda quer que eu faça? Ou a honra vai ser da vovó,(suamae)?rs
    Qualquer coisa me avisa ta?
    Beijoooo

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    1. Amiga artesão linda!

      Eu ainda não definir nada. Só a lembrança do Chá que minha Mãe e Tia já estão fazendo. ;)
      Tô pensando no tema ainda.

      Beijos

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  4. Que lindo amiga!!!
    Verde! Linda escolha!!!

    bj
    Beta

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    1. Amiga,

      Tô só esperando para ver como ficará o quarto do Bebê! Para isso, estou ansiosa!

      :) beijos

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  5. Se a "bisa" ainda estivesse entre nós estaria orgulhosa demais, mas tenha certeza que onde ela estiver está feliz com a escolha da cor que ela tanto amava, cuidando e torcendo por você.
    Beijos.

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  6. Elaine, que linda cor o verde da saúde, esperança, natureza....que ninho cheio de amor esta linda criança irá nascer....beijinhos e muita luz!!!

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Abraços!
Elaine Cunha