sexta-feira, junho 29

Oficinas para encantar

E continuando a tarde com dicas.Nada melhor do que começar o mês de julho com várias oficinas!

Na próxima semana, no SIEESP, acontecerá algumas oficinas super interessantes. Como eu conheço o trabalho das duas pessoas (Cecília e a Rita) não poderia deixar de te contar, não é?

Vamos a programação? 


"UMA HISTÓRIA PARA BRINCAR"
Dia: 02/07/2012, das 8h às 12h   CH: 04 horas              
Local: SIEEESP              Vagas: 50
Taxa: R$ 30,00      Sind: R$ 10,00 (2ª a 5ª inscrição)
                                                                                                                               
MARIA CECILIA MARTIN FERRI: Graduada em Fonoaudiologia pela PUC-SP; Pós-graduada em Terapia Ramain pelo IAL- Instituto ASRI-Labyrinthe e Universidade Metodista; Atua como Fonoaudióloga Clínica / Educacional da FUNSAI - Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga; Responsável pelas Oficinas de Linguagem da ENSG - Escola Nossa Senhora das Graças; Contadora de Histórias; Professora do SIEEESP - Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo; Palestrante da UMAPAZ - Universidade do Meio Ambiente e Cultura da Paz e da Associação Viva e Deixe Viver.
 
SÍNTESE: Nesta oficina vamos conhecer a incrível história de Santantônio da Lamparina, uma cidade às escuras. Lá era noite, noite e dia e todos estavam acostumados, até que uma trupe de artistas chegou à cidade... Neste conto interativo todos poderão experimentar a coragem e ousadia destes maravilhosos artistas entrando na história e brincando com ela! Uma atividade que incentiva a leitura, promove integração e resgata uma antiga brincadeira de equilíbrio, valorizando a infância.

MATERIAL:
Caderno para anotações, 10 rolinhos de papel higiênico, papelão, retalhos de tecido, tesoura, cola para tecido. Na impossibilidade de providenciar tecidos substitua por papéis coloridos.

PÚBLICO - ALVO:
Educadores, Coordenadores Pedagógicos, Fonoaudiólogos e Psicopedagogos.

"CONTOS DE TODOS OS CANTOS"
Dia: 05 /07/2012, das 18h às 22h CH: 4 horas               

Local: SIEEESP              Vagas: 50
Taxa: R$ 30,00       Sind: R$ 10,00 (2ª a 5ª inscrição)
RITA NASSER: É escritora, contadora de histórias e educadora. Dedica-se à       pesquisa literária e a narração de histórias para adultos e crianças desde 1996. Seus estudos estão direcionados para a Psicologia, Educação e Ensino Superior. Autora dos Livros: "Tem Trem na Linha" - Editora Mundo Mirim e "A Mágica da Flauta" - Paulinas editora.
SÍNTESE: Apresentação de contos árabes, africanos, brasileiros, europeus; utilizando diferentes técnicas de narração. Em consonância com a parte teórica haverá a experimentação, observação e registro das diferentes formas de narrar.
MATERIAL: Papel, lápis ou caneta, sapato e roupa confortável para dinâmicas.

PÚBLICO - ALVO: Educadores de Fund. I e Fund. II, Educação Infantil



”HISTÓRIAS PARA PEQUENINOS“
Dia: 06 /07/2012, das 18h às 22h CH: 4 horas               
Local: SIEEESP              Vagas: 50
Taxa: R$ 30,00       Sind: R$ 10,00 (2ª a 5ª inscrição)
Maria Cecília Martin Ferri – Graduada em Fonoaudiologia pela PUC-SP (1985); Pós-graduada em Terapia Ramain pelo IAL- Instituto ASRI-Labyrinthe e Universidade Metodista (1994); Atua como Fonoaudióloga Clínica / Educacional da FUNSAI - Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga; Responsável pelas Oficinas de Linguagem da ENSG – Escola Nossa Senhora das Graças; Contadora de Histórias; Palestrante da UMAPaz – Universidade do Meio ambiente e Cultura da Paz e da Associação Viva e deixe Viver.
SÍNTESE: Bichos de sítio e da floresta compõem estas narrativas poéticas e engraçadas, num estilo gostoso e ritmado, apropriado para os pequeninos. A proposta tem por objetivo promover a literatura infantil e o encantamento. O caráter acumulativo das histórias favorece o aprendizado de vocábulos enriquecendo a linguagem.
MATERIAL: Caderno para anotações, retalhos de tecido, restos de lã, canetinhas coloridas, tesoura, cola e uma folha de papel colorset.

PÚBLICO - ALVO: Educadores da Educação Infantil e Berçário, Coordenadores Pedagógicos, Fonoaudiólogos e Psicopedagogos.
Para se inscrever, acessa aqui
Até a próxima!
Elaine Cunha

Brincando no parque com o ECA!


Ah, hoje eu trago uma dica super bacana para já começar as férias de julho muito bem.

O projeto Brincando no Parque com o Eca é a atração do próximo domingo, dia 1, no Parque da Água Branca. Com promoção do Ministério da Cultura, Programa Cultura Viva e Instituto Pensarte, o evento, que acontece a partir das 9 horas, vai proporcionar experiências lúdicas e educativas, com muitas brincadeiras, jogos, contação de histórias e música. As crianças formularão um documento com ideias e reivindicações que serão entregues, em outubro, à ONU.

O Brincando no parque com o Eca faz parte de uma série de projetos do Instituto Pensarte voltados para a criança e o adolescente, que visam integrar e ampliar o envolvimento da comunidade da região central de São Paulo com atividades culturais.

A programação conta com uma apresentação da Banda Sinfônica de São Paulo e, ao final, os pequenos participantes receberão um certificado de Cidadão Brincante”.

Serviço:
Dia: 01 de julho
Hora: das 9h às 17h
Local: Parque da Água Branca – Pavilhão de Eventos
Grátis

Programação:
Das 9h às 17h
- Eu conto – Contação de histórias e oficinas com jogos
- Brincando com as cores – Oficina de pintura
- Pedrinhas e formas – Oficina de mosaico
- Jogos Gigantes – Xadrez, dama
- Jogos para bebês – Atividades lúdicas
- Parlamento mirim – As crianças participantes formularão um documento com ideias e reivindicações que serão entregues, em outubro, à ONU.
11h
Banda Sinfônica de São Paulo – Apresentação especial do grupo de câmara

Vamos brincar? Brincar só faz bem!

(Notícia divulgada no site do Pensarte)

Até a próxima!
Elaine Cunha

quarta-feira, junho 27

As Origens dos Contos de Fadas


CAMINHANDO COM Cristiane Takemoto.

As Origens dos Contos de Fadas.

Olá! Que bom que você está aí! Então vamos retomar a nossa conversa!

Em nosso encontro anterior, falamos que os Contos de Fadas são uma antiga manifestação cultural de origem popular, que eles abordam os conflitos primordiais em uma linguagem simbólica e fornecem modelos de comportamento. Os acontecimentos narrados seguem uma sequência de que vai da insatisfação ao júbilo, passando por muitas dificuldades, lutas e sofrimentos e embora tenham esse nome, não é imprescindível que haja fada ou bruxa entre seus personagens. Comentamos também que, além das narrativas tradicionais, alguns autores vêm escrevendo histórias que seguem os argumentos e a estrutura dos Contos de Fadas.

Passaremos então a falar sobre a época em que apareceu a denominação ‘Contos de Fadas’ e em que circunstâncias essa denominação passou a ser usada.

Embora alguns autores acreditem que estas narrativas têm origens indo-europeias que se perdem na história da humanidade, muitos estudiosos atribuem seu surgimento no ocidente  ao cenário medieval. Assim, passaremos a trabalhar com um recorte teórico-didático, circunscrevendo o gênero Contos de Fadas em uma linha do tempo, sem esquecer que possivelmente ele já existia antes e que perdura até os dias atuais. Então vamos lá!

Antes da expansão do Império Romano, viviam na Europa povos culturalmente distintos como, por exemplo, os celtas, que cultuavam a natureza simbolizada pela figura de uma mulher, a Deusa. Eles tinham sua própria mitologia e gostavam de contar histórias de fadas, bruxas e outros seres mágicos que eles acreditavam que viviam nas florestas. Para sustento de suas comunidades, cultivavam a terra e criavam rebanhos.

O povo celta descendia de diferentes tribos. Eram batavos, belgas, bretões, caledônios e gauleses entre outros povos e se espalhavam pelo continente europeu constituindo uma espécie de estado-nação. Havia disputas entre os diferentes grupos, mas nada que pudesse se comparar a envergadura bélica do Império Romano. Provavelmente por isso, foram praticamente extintos. Seu gosto pelas histórias mágicas, entretanto sobreviveu e tornou-se uma tradição popular típica da Europa Medieval.

Os mapas abaixo mostram a divisão de terras na Europa antes e durante a ocupação romana. No primeiro, vemos em amarelo a localização das tribos célticas originais, em verde claro, o território em que viveram no auge de sua expansão e em verde escuro as áreas remanescentes desta cultura, onde até hoje línguas célticas são faladas. O outro mapa, mostra em rosa a área conquistada pelo Império Romano em uma sucessão de batalhas sangrentas.



Depois de ocupar um enorme território, o Império Romano perdeu sua força e ruiu. Com sua queda, teve início a Idade Média, período compreendido entre a decadência do Império Romano, no ano de 476 d.C., e o início da descoberta do Novo Mundo, em 1492. Os historiadores dividem essa época em uma fase inicial chamada de Alta Idade Média e uma segunda fase chamada de Baixa Idade Média.

No tempo conhecido como Alta Idade Média, aconteceram muitas guerras e invasões, por isso, a sociedade passou a se organizar em pequenos agrupamentos populacionais chamados feudos. Nesse espaço murado, os vassalos trabalhavam na terra e cuidavam dos animais enquanto recebiam a proteção do senhor feudal. Como gratidão por um serviço prestado, o Rei ocasionalmente concedia títulos de nobreza, fazendo do vassalo leal um marques, conde ou duque.


    
Maquete de um feudo medieval e cena da vida cotidiana dentro dessas cidadelas.
Fonte: Livro Aberto http://www2.bp.blogspot.com

Dentro das muralhas do feudo, havia muitos contrastes que se converteram em traços constitutivos dos contos de fadas. Os nobres casavam entre si e tinham acesso aos luxos da época, como roupas, sapatos e mesa farta. Os aldeões dedicavam-se ao trabalho em troca de comida e proteção. E os que ficavam fora dos muros estavam entregues à própria sorte. Era o tempo das belas princesas e dos príncipes encantados.

A Baixa Idade Média iniciou por volta do ano 1000 e os historiadores afirmam que nela a população europeia cresceu e o comércio se intensificou beneficiado pelos avanços da agricultura e pela produção artesanal de utensílios como objetos de metal e rodas de fiar entre outros. Os artesãos produziam e os mercadores comercializavam os artefatos tanto em feiras quanto em mercados ou como itinerantes, de porta em porta.

Com o passar do tempo, a estrutura feudal foi se deteriorando e o continente europeu passou por longos períodos de miséria e privação. Nessa época, a Europa foi assolada pela Peste Bubônica, uma terrível doença infecciosa transmitida pelos ratos, que matou aproximadamente um terço da população. Histórias como a de João e Maria remontam este cenário.

A sociedade medieval foi fortemente influenciada pela igreja. Também conhecida como Idade das Trevas, nessa época houve um declínio das manifestações culturais em geral, sobretudo das artes, incluindo-se aí a pintura, escultura e das produções textuais. As pessoas que viviam nos vilarejos medievais não tinham acesso à escrita, pois só nobres e integrantes da igreja aprendiam ler e escrever. Foi nesta época que os monges copistas transcreveram os textos sagrados que deram origem a livros como a Bíblia.


    
Fonte: http://fotos.sapo.pt             e             http://www.chess-theory.com

Tais condições fizeram com que a oralidade passasse a ser o principal meio de transmissão de conhecimentos. Através dela, a natureza sociável do ser humano superou as dificuldades de tempo e espaço e perpetuou as histórias de sofrimento, lutas e conquistas. A obscuridade do período medieval foi extremamente fértil nesse sentido, transformando a contação de histórias em uma alternativa para manter viva a cultura e a historicidade das camadas populares. É provavelmente por esse motivo que os Contos de Fadas foram associados a esta época.

Foi assim que fatos e acontecimentos corriqueiros se misturaram com os desejos e temores próprios da alma humana, criando uma teia encantadora onde os fios da realidade e da fantasia se entrelaçam formando a mescla encantadora das belas narrativas que tanto gostamos de ouvir e contar. Reis poderosos, lindas princesas e príncipes encantados se misturam com bruxas malvadas, criaturas mágicas e feras indomáveis. Uma criança abandonada, uma família carente até anomalias anatômicas passaram a fazer parte do enredo para o eterno duelo entre o bem e o mal.



Repetidos de geração em geração, os Contos de Fadas têm divertido crianças e adultos e para saber mais sobre o assunto, os interessados devem procurar ler entre outros, o autor Bruno Bettelheim. Embora haja certa polêmica sobre outros temas publicados por esse professor e pesquisador do Curso de Psicologia da Progressive Education Association da University of Chicago (EUA), seu livro A Psicanálise dos Contos de Fadas (2007) é uma referência muito respeitada.

Segundo Bettelheim, o que diferencia os Contos de Fadas de outros tipos de histórias é que estes remetem a problemas existenciais, os conflitos primordiais, e aos aspectos constitutivos do sujeito. Ou seja, os Contos de Fadas falam questões humanos como dilemas, medos, angústias, disputas e paixões.

Para ele, o grande diferencial dessas narrativas é a possibilidade de movimento catártico através da identidade com os personagens, estimulando a superação das dificuldades. Ele afirma também que seus significados atuam em diferentes áreas do sujeito, auxiliando a liberação de emoções reprimidas, o desenvolvimento da linguagem e a interação social.


    

O que deixa essas narrativas mais interessantes é que elas funcionavam assim na Idade Média e continua desempenhando estas mesmas funções na atualidade. Muitos estudos concordam que seria essa a razão que mantém vivos os contos, independente do tempo e do lugar em que se vive. Glória Radino e Nelly Novaes Coelho são outras boas leituras. Elas falam dos contos de maneira acessível e interessante e agregam muitos conhecimentos a esta temática.


                  Fonte: http://www.google.com

Enfim, em tempos nebulosos, disputas pelo poder, miséria, rivalidades, ambições e até condições clínicas pouco conhecidas se tornaram argumento de histórias encantadoras, fazendo-as viajar através dos tempos, mostrando ao leitor/ouvinte de qualquer idade que a vida impõe algumas dificuldades, mas aqueles que as enfrentarem com coragem e altruísmo triunfaram no final.

E assim, entre o “Era uma vez...” e o “Felizes para sempre, os Contos de Fadas mostram que em algum lugar, alguém já sofreu e lutou, conquistou aliados e enfrentou adversários até conseguir realizar seus desejos mais íntimos e sentir-se feliz. Feliz para sempre sim, por que se a felicidade é feita de pequenos momentos, a lembrança dos momentos felizes estará sempre no coração de quem os viveu!

Dias felizes para você e...   

Até a próxima!


 
Cristiane Takemoto
Fonoaudióloga, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, com formação em Psicanálise Clínica e Mestrado em Linguística. 








REFERÊNCIAS:

BETTELHEIM, Bruno.   A psicanálise dos contos de fadas.   Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.
COELHO, Nelly N.   Literatura infantil – Teoria, análise, didática.  São Paulo: Ed. Ática: 1997.
RADINO, Glória.   Contos de fadas e realidade psíquica.   São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

terça-feira, junho 26

Arrastão da Alegria de São João

Como eu falei aqui, junho é um dos meses que mais amo.Eu curto demais as tradições juninas. Afinal, cresci participando de tudo que fosse relacionado a festa dos três santos de junho.

E desde que cheguei aqui em Sampa, confesso que este período é um dos que eu mais sinto falta da terrinha (acrescento ainda na lista Carnaval e lógico, Natal). Então, quando eu tenho a oportunidade de reviver minha raiz nordestina eu fico muuuuuuito feliz.

E assim foi nos últimos dois sábados. Foram duas festas distintas, mas para mim, gratificantes do mesmo jeito. Quer saber quais foram?

No dia 16/06 aconteceu o "Arrastão da Alegria - São João" no hospital que atuo como contadora de histórias voluntária. E no dia 23/06, participei de uma narrativa junina na Kuka Livre. E hoje irei te mostrar a festa no hospital.

Bom, para quem está chegando aqui no Caminhando agora, vou te contextualizar um pouco. A festa que chamamos de "Arrastão da alegria" é uma ação de fomento a leitura. Nosso grupo de contadores de histórias voluntários realizamos a entrega de kits às crianças que estão em tratamento naquele determinado dia no hospital. Os kits variam de conteúdo pois cada "arrastão da alegria" tem um tema diferente. Porém, o kit contem sempre livro + giz de cera ou lápis de cor + desenhos de colorir + brinquedo extra. Então, com música, diversão e muita alegria, saímos de quarto em quarto, andar por andar, abordando as crianças levando cultura e diversão.

E neste sábado, 16/06, foi a festa de "São João". Foi uma momento especial. Esta foi a minha última participação nos arrastões deste ano. O próximo será em outubro, no Dia das Crianças, e eu não irei. Exatamente porque meu Pedro estará quase vindo para meus braços. Ficará super hiper mega difícil participar de uma festa com 8 meses de gestação, não é?

Eu ouvi de uma pessoa muito querida que nossas festas são todas iguais para quem vê a fotos.Eu fiquei pensando nisto. Será mesmo? É pode ser mesmo. Temos sempre os mesmos contadores, preparação dos kits, entrega deles, a cada festa com tema, estamos a caráter... É tudo igual!

Mas quem disse que a alegria vivida e compartilhada é igual? Quem disse que encontramos as mesmas crianças lá? Quem disse que nós mesmo não mudamos, crescemos, amadurecemos? Quem disse que ao terminamos esta ação, nosso "EU" é o mesmo antes desta festa?

É.. seria dizer que fazer festa aniversário também seria igual, não é? Afinal, toda festa tem bolo, refrigerante para comemorar com familiares e amigos...

Só posso te dizer uma única coisa: não tem preço ver o rostinho das crianças felizes, cantando, brincando.
É uma realização imensa quando conseguimos ver o sorriso de uma criança que está em tratamento. É a consagração da pureza, da luta, do fazer o bem. 

E que tal agora ver algumas fotos de nossa festa?



 


Agradeço ao Pai Celeste por um dia de alegria na vida de todos.
Agradeço as crianças que sempre me permitem voltar a ser criança.
Agradeço aos amigos que nos permitiram mais uma ação. Pois, de mão em mão, de pequenas doações da nossa corrente do bem, utilizamos as últimas caixas de giz de cera que ganhamos na "Corrente do Bem"! 
Se você quiser nos ajudar, seja com qualquer tipo de material para as próximas ações, pode me escrever.

Até a próxima!
Elaine Cunha


quarta-feira, junho 20

O que são (ou não) Contos de Fadas

CAMINHANDO COM Cristiane Takemoto.

O que são (ou não) Contos de Fadas.


Contos de fadas sempre me encantaram. Como eu não tinha irmãs, os disquinhos coloridos que acompanhavam grandes livros enchiam de sons as minhas fantasias. Desde aquela época, quando penso nessas histórias muitas sensações e sentimentos se misturam e hoje, posso entender que sempre foi assim.

Pesquisas mostram que desde tempos muito remotos o homem narrou. Ora através de desenhos nas paredes das cavernas onde habitava, ora com seu grupo, em torno de uma fogueira. Provavelmente essas narrativas originais eram uma mistura de sons guturais, gestos e rabiscos.

Com o passar do tempo, o homem deixou de vagar e se fixou. Passou a cultivar a agricultura, a enterrar os mortos e a cultuar as forças da natureza. Os pequenos grupos cresceram e a transmissão oral dos conhecimentos e experiências tornou-se, além de uma estratégia de preservação da vida, uma atividade relacionada à cultura e ao lazer.

A palavra  "fada" tem origem portuguesa e vem do latim fatum, que se refere a destino, fatalidade e surgiu na literatura medieval nas novelas de cavalaria do Ciclo Arturiano, onde textos de influência céltica falavam sobre os personagens da época. Nesse tempo, as narrativas eram orais e parafraseavam a vida, voltadas para o público adulto. 

Em uma época em que não havia cinema nem televisão, o francês Charles Perrault se tornou um notório contador dessas histórias para os nobres convidados para as festas do Palácio de Versalhes. Seu livro Contos da Mãe Gansa (1697) contava  histórias populares com uma linguagem mais refinada e teve uma repercussão equivalente a dos best-sellers da atualidade. Sua história mais famosa é Chapeuzinho Vermelho, um Conto de Fadas sem fadas.



Cento e quinze anos depois, os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm publicam Contos da Criança e do Lar (1812), o primeiro livro totalmente direcionado ao público infantil. Nesta nova perspectiva, os contos populares tornaram-se menos divergentes dos valores pregados pelo cristianismo e passaram a ser vistos como literatura infantil.

Também conhecidos como contos de fadas, as histórias de Hans Christian Andersen diferem um pouco, pois são produto de sua própria imaginação e não originárias da tradição popular. Para esse autor, os verdadeiros contos de fadas serviram de inspiração para a transformação das dificuldades em lindas histórias que falam de pobreza, discriminação e do desejo de realização pessoal.

Outro autor de literatura infantil entusiasta dos contos de fadas foi Carlo Collodi, um jornalista italiano que fez sucesso contando a história de um boneco de madeira chamado Pinóquio, que ganhou vida e passou por muitas estripulias. Inicialmente, As Aventuras de Pinóquio (1883), eram publicados em episódios semanais, só depois foram editadas como literatura infantil. Embora tenha entre seus personagens a figura da Fada Azul, do ponto de vista literário, este livro não se enquadra no gênero Contos de Fadas.

Matemático inglês e crítico do estilo de vida aristocrático vitoriano, Lewis Carrol usou a fantasia e o non-sense para escrever Alice no País das Maravilhas (1865), e atacar as certezas, as normas e os limites impostos pela sociedade inglesa de sua época. Com gravuras que remontam ao cenário medieval e personagens fantásticos, a versão original da história, em inglês, traz piadas e jogos linguísticos que só fazem sentido naquela língua.

Ainda nesta linha, Lyman Frank Baum fez uma espécie de releitura dos contos de fadas a partir da perspectiva americana e escreveu O Mágico de Oz (1900), onde valorizou a inteligência, a generosidade, a coragem e a perseverança. Simpatizante do Partido Populista, o livro de Baum é cheio de simbolismos como vendavais e uma estrada de ouro, além de valorizar a coragem, o conhecimento e a bondade.

Finalmente, o escocês James Barrie iniciou sua vida como dramaturgo em Londres e  mergulhou na própria imaginação para defender os direitos das crianças à fantasia e contra a abreviação da infância. Peter Pan (1911) nasceu como peça teatral  em 1904 e só depois virou livro. Os personagens principais remetem aos dissabores da vida amorosa do autor.

Enfim, contos de fadas originais ou histórias criadas a partir de sua inspiração, o fato é que essas histórias vêm encantando crianças e adultos ao longo dos séculos. Ler, ouvir e recontar essas narrativas é uma atividade extremamente prazerosa para crianças de todas as idades.

Dos tempos medievais aos dias atuais muita coisa mudou, mas os contos mantém sua importância como construção simbólica que simultaneamente preserva a essência dos conflitos primordiais e se renova com diferentes linguagens. Hoje, as histórias são contadas em belas edições impressas, em enormes telas de cinema ou em formato tablet. Há também versões de plástico para “ler” durante o banho, gibis e shows com efeitos especiais.

Uma prova irrefutável da preciosidade dessas histórias e do quanto são estimadas é o sucesso dos filmes e parques da Disney. Walter Elias Disney foi sem dúvida o representante da fantasia e da imaginação na modernidade. Suas produções, ainda que com algumas alterações, trouxeram vigor e brilho para as antigas histórias da tradição oral.

Atualmente, muitas pessoas ignoram a origem dos contos e até mesmo suas versões anteriores ou que algumas histórias parecem, mas não são contos de fadas originais. Em todo caso, as tantas modificações pelas quais passaram as histórias são apenas adequações ao tempo e espaço. E se por um lado essas atualizações às afastam de suas raízes, por outro, as aproxima dos leitores/ouvintes de hoje.

Enfim, podem mudar as maneiras de escrever e/ou contar as histórias, mas se elas tiverem personagens com os quais há identificação e se falarem de aspectos primordiais da natureza humana, dos dramas, conflitos e desejos comuns a quase todas as pessoas, certamente serão um sucesso.

E é por isso que continuamos contando e recontando os contos de fadas. Eles contribuem para o nosso autoconhecimento, para que possamos compreender melhor nossos anseios, conflitos e limitações, nos oferecem oportunidade de interação, exercitam nossa memória, estimulam a capacidade de planejamento e confirmam nossa habilidade natural para a transmissão de conhecimentos através de diferentes linguagens.

Essa é a magia dos contos de fadas!

Para saber mais, consulte:

ANDERSEN, Hans Christian.  Os mais belos contos de Andersen.  São Paulo: Editora Moderna, 2008.
COELHO, Nelly N. O conto de fadas.  São Paulo: Editora Ática: 1987.
CONTOS DE FADAS DISNEY:   http://www.disney.com.br/princesas
GRIMM, Jacob e Wilhelm.   Contos de Grimm vol. 1 e 2   PA: L&PM, 2001.
PERRAULT, Charles.   Contos de Perrault.   São Paulo: Martins Fontes, 1997.


Até a próxima semana!



Cristiane Takemoto
Fonoaudióloga, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, com formação em Psicanálise Clínica e Mestrado em Linguística.