sexta-feira, agosto 12

Minimamente Feliz


Hoje foi dia de visita ao hospital. E, como sempre, é um dia cheinho de surpresas! Posso contabilizar três grandes alegrias que tive por lá! Se eu estivesse num jogo de basquete, o jogo estava todo ao nosso favor. Quer ver só? Vamos contar os pontos do dia?

A primeira aconteceu antes mesmo de entrar no hospital. Cristiana e eu fomos abordadas assim:
"Oi, vocês se lembram de mim?"

Ah, não tinha como não lembrar. Era a Rafa, uma linda mocinha, que já contamos histórias para ela outras vezes. Que alegria ver aquele rostinho todo animado por ter tido alta, nos cumprimentando e desejando um belo dia para nós. Ponto para nós!

A segunda alegria foi com mais uma mocinha. Desta vez, a Gabi. Entramos no andar e a vimos no quarto conversando com seu primo pelo celular. Quando ela nos viu pelo vidro, abriu aquele sorrisão. (Soma aí um ponto de alegria!)  Abrimos a porta e após a pergunta mágica (Você quer ouvir histórias hoje?) ouvimos a frase que ecoou em meu coração como um presente:

"Gustavo, depois a gente conversa tá? 
Chegaram as contadoras de histórias"

Somou mais um ponto aí? Na hora de ir embora, deixamos um kit de lápis de cor, caderno de atividade e desenhos de colorir. Gabi, largou o celular de vez, e continuou com o kit! Cesta! Mais três pontos.

A terceira foi com o Alleff, um rapaz de 16 anos que para surpresa geral da nação, quis ouvir histórias! A Cris narrou um conto belíssimo:  "A tapeçaria de Aracne". E para fechar o dia com chave de ouro, fizemos história com origami. Desta vez, deixamos papéis para ele fazer origami. E ao sairmos do quarto, ele ficou refazendo a dobradura que aprendeu. Cesta!

Nem preciso somar os pontos porque sei que o dia foi maravilhoso! 

Ao chegar em casa, vida voltando ao normal, fui checar meus emails. Recebi uma mensagem pela querida Gilberta que traduz exatamente o sentimento que ficou no meu coração.  A cada visita, a certeza que sou Minimamente Feliz!
 
"Minimamente Feliz"
  (Leila Ferreira, jornalista)


A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num “outdoor” em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida.

Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele “outdoor” estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.
Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas.
  • Um pôr-de-sol aqui,
  • um beijo ali,
  • uma xícara de café recém-coado,
  • um livro que a gente não consegue fechar,
  •  um homem que nos faz sonhar,
  • uma amiga que nos faz rir...
São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.

'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.

Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos. Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular:
'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.
Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'.

Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas:
  1. que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas
  2.  e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.
      
Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'.

Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?

Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.

Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam. 

Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.

Até a próxima!
Elaine Cunha


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Imagem: google.com

9 comentários:

  1. Muito bacana mesmo! Deve ser bom demais ter esse reconhecimento. Não deve ter "sabor" melhor que ganhar como prêmio o sorriso de quem aprovou e aprova. Isso tudo, realmente, não tem preço. Beijos, amiga linda e iluminada!

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  2. Elaine, ao ler tantas coisas boas só posso dizer que o jogo está ganho mesmo.
    Os pequenos gestos é que fazem a grande diferença.
    E levo daqui agora, assim como você com outdoor, a certeza que a felicidade se faz de pequenos momentos.
    Bom final de semana
    Xeros

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  3. Muito bacana este projeto de vocês, não tem prêmio maior que um sorriso espontâneo dado em nossa direção e especialmente para gente. É vitória certa! Parabéns! Bjs, Rose.

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  4. Elaine, vc nao sabe como fico feliz por eu dia ter sido minimamente feliz ! Eu particulamente já sou muito feliz por ter sua companhia diaria ,mesmo que virtuamente.beijo Um belo final de semana pra vc !!!!

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  5. Que lição, amiga!
    Quero também ser adepta da felicidade homeopática, abrir meus olhos e percepção para o que realmente importa e está aí pra ser bem aproveitado.
    Seguindo firme no exercício!
    Beijos

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  6. Amiga é muito bom saber que as pessoas não são indiferentes diante da vida.
    Por mais que o trabalho dos contadores não dependa de reconhecimento, mas apenas do prazer de apresentar um mundo mágico, lúdico aos que ouvem a história, acredito que seja muito gratificante ver o brilho no olhar das crianças.
    Especialmente destas crianças que têm uma história de vida bem diferente da maioria das crianças.
    Acredito que os momentos que elas desfrutam com vocês contadores contribuam para que elas sejam minimamente felizes e que estes momentos sirvam de combustível para a vida delas, assim como para a vida de vocês contadores.

    Há muito sou minimamente feliz e por isso mesmo, sinto-me muito feliz.

    Acredito que a simplicidade seja uma das chaves para a felicidade.

    Beijos *_*

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  7. Amiga, vc nao imagina como me emociono com isso sabia?
    Vc está plantando uma sementinha dentro de mim...
    cada vez mais amadureço a ideia de participar deste grupo. To só esperando abrir para o ano que vem!

    bj

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  8. Olá Elaine,

    Nossa, fiquei aqui super feliz por vocês, pelas crianças dos hospitais, por tudo!!!

    Parabéns por tão belo trabalho!!

    Beijinhos... =D

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  9. É tão bom saber que vocês são Minimamente felizes também!

    Se todos os dias lembrarmos disto, teremos dias melhores e seremos muito melhores também!

    beijos a todas!

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Abraços!
Elaine Cunha