terça-feira, setembro 25

Contos de Fadas: conta ou não conta?

"Contos de Fadas: conta ou não conta?"

Exatamente esta pergunta que me fez sair daquele estado de sonolência na última quinta-feira durante o programa " Amor e Sexo" da Fernanda Lima.  (Se você não assistiu , clique aqui e veja o video do programa.)

Achei que sairia algums pérolas mas, para eu engano, o que saiu da boca da Psicalista Regina Navarro me deixou irritada e super chateada. 

Eu fiquei me perguntando: 
- Por que uma psicanalista fala que os contos de fadas apenas mostram a submissão das mulheres que ficam a mercê do seu príncipe encantado? Por que todas as coisas ruins que nos acontecem, a culpa é dos contos de fadas que ouvimos? E - para mim o pior de tudo o que ela falou- que os contos deviam ser abolidos!

Sei que cada pessoa é livre para falar o que quiser. Afinal, estamos numa democracia. Mas, falando sério, a referida mulher é formadora de opinião. Tem que existir cuidado e muito bom senso sobre o que falar, abordar e defender com unhas e dentes! 

Acho que por estas e outras que existem pessoas que acreditam que a vida para ser um contos de fadas precisa ter o príncipe encantado para salvar a princesa. Mas esquecem - ou mesmo não sabem- da complexidade de uma história de contos de fadas. De todos os arquétipos que tem uma história de contos de fadas.

Os contos de fadas foram criados inicalmente para os adultos, e não para as crianças. Por isso, os contos são tão fortes. Eram contados oralmente em reuniões dos adultos. Quando foram utilizados para as crianças, foram sim suavizados. Isto ocorreu por Perrault. Mas foi popularizado apenas no século XIX quando começaram a ser vendidos como folhetos. 

Eu gosto do conto de fadas extamente porque através deles, a criança pode aprender mais sobre os problemas interiores e sobre as soluções corretas, dentro de sua compreensão infantil. 
Se observarmos, cada conto normalmente tem um problema angustiante (as vezes morte de um dos genitores) o que causa alguma reação no personagem (necessidade de adaptação). Assim, a jornada interior do persongem começa. Ele precisa “encontrar” com o Mal (representando, normalmente, por bruxas), para ter a “conquista” (vencer o Mal) e “celebrar a vitória” (onde a vitória é enaltecida). 

Ainda tem a presença do Mal tão onipresente quando a Virtude. Recebem corpo na forma de figuras humanas e suas ações presentes no homem. E esta dualidade coloca o problema moral e é preciso a luta para resolvê-la. O herói é mais atraente para a criança porque ela se identifica com ele. É uma forma que a criança aprende a lutar com suas inseguranças, medos. Por isso, quando você contar uma história e a sua criança pedir para repetir mil vezes, é porque ela precisa de alguma caractéristica daquele heroi. Ela esta internalizando!

Não acredito que ouvir contos de fadas deixa a criança com ideia do “feliz para sempre” não seja uma conquista diária. Até porque, acredito que todas nós, crescemos ouvindo ou mesmo vendo os contos da Disney. Nem por isso, deixamos de lutar diariamente para termos nosso “happy end” todos os dias. 

Pois é, se você quiser se aprofundar mais no tema "Contos de Fadas" sugiro a leitura da coluna que a Cristiane Takemoto escreveu aqui no Caminhando. Lá, você poderá ter uma visão diferenciada sobre os contos. 

A Cris destrichou o tema como tópicos.
Segue a ordem para faciliar a sua leitura


1.O que são (ou não) Contos de Fadas. 

2.
As Origens dos Contos de Fadas.    
                         


Agora, a pergunta é para você: Contos de Fadas:  Contar ou não contar ?


Eu continuarei contando e lendo também!

Até a próxima!
Elaine Cunha

15 comentários:

  1. Continuar contando sim....o que nos encantou e encanta ainda....como nossas crianças amanhã vão saber das histórias? .....perderão essa tradição de nossa cultura oral, escrita, lida e contada.
    Como disse Nícia Grillo - "As histórias são um remédio espetacular"

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    1. Eu acredito nisto, Mabel!
      Na transmissão de nossa cultura pela tradição oral.
      Seja através dos contos de fadas ou mesmo quando oferecemos histórias do nosso folclore!

      beijos, Elaine

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  2. Contos universais elo para as próximas gerações.
    Criança gosta da verdade - histórias tradicionais devem ser contadas às crianças, segundo Nícia Grillo. O conto verdadeiro corrige o pensamento mágico.

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  3. Eu vou continuar contando,li todos eles e não sou nada do que ela falou,senti foi vontade de bater nela,além de contar para os filhos e agora para a neta eu ainda invento em cima da história assim a cada dia tenho uma diferente

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    1. Eu acredito na liberdade de contar histórias assim, Rosa. Podemos oferecer sempre os contos originais. E por que não brincar com as possibilidades? Garanto que esta troca de papeis, finais... fica ainda mais gostoso este momento das histórias!

      Beijos, Elaine

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  4. Olha que o O Fio dourado das Histórias publicou no FB....Breves Ruminações....O conto maravilhoso nos acolhe...é o berço de nossas primeiras infâncias, todas, a da idade e a das experiências, no território do "Era uma vez..." pertence ao tempo fora e além do tempo, não nos corrompe nem nos dilacera, ao contrário, semei em nós uma esperança de completude e inteireza..."

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  5. Muito bom texto, Elaine Cunha. Elucidativo e sábio. Os contos de fadas trabalham muito o inconsciente da criança. Contar histórias é algo lúdico, curativo, além de ser um ato de amor. Precisamos dos homens em nossa vida,ao contrário do que Regina Navvaro prega, assim como eles precisam de nós. E quem vai negar que buscamos eternamente o "felizes para sempre"? Felizes para sempre no amor, no trabalho, na vida,... E este sonho é que nos impulsiona a viver mais e melhor. Parabéns Elaine pela relevância do seu trabalho!

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    1. Sim, Katia!
      Nós precisamos deles, e dele a nós. Na verdade, precisamos do outro pois vivemos todos no mesmo lugar no universo.
      E buscar o "feliz para sempre" é acordar todos os dias e sair a luta. Porque ficar em casa esperando .. não funciona, não é?

      beijos agradecidos pelo seu carinho!

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  6. Amiga, estão fazendo isso também com as cantigas de ninar. Eu até postei sobre isso logo no inicio do Caminhar. Lê lá:
    http://precisocaminhar.blogspot.com.br/2011/03/o-que-os-bebes-entendem-nas-cantigas-de.html

    Concordo com vc! bj

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    1. Beta,

      vale um outro post com as canções de ninar!

      Ai... chego a me contorcer na cadeira! ;)

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  7. Lá vou eu colocar minha colher, a Psicanalista só pode ter algum problema mal resolvido em todos os sentidos, para dar tal afirmação. Definitivamente é muito bom ouvir contos de fadas, nos levam a imaginar, sonhar, transcendendo a matéria, e lá dentro de nossa alma (ou como prefiram chamar), no nosso lugar secreto os contos de fadas passam um conhecimento ancestral e sempre trabalham em nosso ser algo, seja um conhecimento, uma virtude, um conflito e a resolução deste, etc...
    Os contos de fadas devem continuar e com mais força ainda!!!
    Os contos de fadas são curativos, são muito melhores que remédios, pois tocam na rais do problema, tocam a alma!!! bjokas

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    1. Fabíola,

      não apenas nos contos de fadas, mas em qualqur história vivida, narrada, a criança vivencia TUDO que no dia a dia ela não faz.

      Lembro de um depoimento de amiga num curso. Ela falou que o filho normalmente é super tranquilo, mas quando era a hora da história, ele só queria ser o personagem do Mal. Ali ele vivia toda sua agressividade, raiva... depois, que acabava, acabou. Ele já era ele novamente. Menino doce.

      Psicologicamete não sei o porque disto (minha formação acadêmica é outra) mas achei super interessante!

      beijos, Elaine

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  8. É gente, é mesmo estranho ver alguém que se supõe sensível à subjetividade tratá-la de maneira tão reducionista.

    Essa é uma das coisas que me estimula a falar mais vezes e com maior convicção que os contos contribuem muito para o desenvolvimento infantil e são sim um precioso espaço catártico para leitores e ouvintes de todads as idades.

    Contar e escutar histórias é uma necessidades humana. É por isso que lemos livros, assistimos filmes, novelas, coversamos com familiares e amigos e etc! Os contos clássicos são ainda mais importantes por seu rico simbolismo.

    Pessoalmente, o que mais lamento é que esse tipo de opinião pode influenciar quem ainda não conhece bem o asssunto e privar algumas crianças de degustarem essas histórias maravilhosas!

    Tudo isso valoriza ainda mais espaços como o Caminhando e Contando, que possibilita a discussão mais aprofundada do tema e alimenta nossas esperanças de um futuro com mais finais felizes!

    Bjs no <3 !

    Cristiane Takemoto.

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Abraços!
Elaine Cunha